segunda-feira, 26 de abril de 2010

MINHA CAMINHADA AO LADO DA TURMA DE PRIMEIRO ANO



Quero registrar minhas aprendizagens ao longo desta semana destacando ainda mais o lugar do jogo simbólico, das brincadeiras de faz de conta no dia a dia de minha sala de aula.
Sabemos que o universo fantasioso impera as vivências das crianças, e tenho me certificado disso a cada dia que passa e que avança minha caminhada ao lado da turma de primeiro ano.
Já salientei algumas vezes durante minhas falas a importância da atividade lúdica, e com certeza a aprendizagem baseada no lúdico se torna mais prazerosa e divertida. Lembro-me muito bem da forma como fui alfabetizada, das infinitas repetições, das “famílias silábicas” dos textos tão pobres linguisticamente falando que não atraiam a atenção e não estavam carregados de significados. Não consigo me lembrar de nenhum espaço para brincar, de nenhum tempo para me expressar livremente, para sugerir, para opinar. Não, a sala de aula era um lugar frio, onde o professor mandava e nós obedecíamos, perguntava e nos respondíamos.
Diante de minha atuação como professora resolvi romper imediatamente com este tipo de prática, buscando formar um forte vínculo com meus alunos, através de propostas diversificadas e não maçantes.
Enquanto brincam de faz de conta, desenhando, as crianças, reproduzem e buscam compreender o mundo, guiadas pela própria imaginação.
Nesta perspectiva concordo com Monteiro (2009, p.65) quando afirma que: “a brincadeira e o jogo de faz de conta são considerados como espaços de compreensão do mundo pelas crianças, na medida em que os significados que ali transitam são apropriados por ela de forma especifica.”
A prática com as crianças tem sido muito gratificante tenho conseguido me envolver tanto, que alguma vezes, me sinto imersa no mesmo ambiente “fantasioso” que eles. Brinco, falo sério, resolvo questões, desafio, repenso minha prática em meio a tantas brincadeiras me possibilitando avançar e investir cada vez mais nesse tipo de atuação que tanto beneficia professor e aluno enriquecendo a prática.
Estou muito feliz e satisfeita com o desenvolvimento do trabalho.




REFERÊNCIA




MACIEL, F. I. P., BAPTISTA, M. C., MONTEIRO, S. M. (orgs.) - A criança de seis anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9 anos, orientações para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças de seis anos de idade - Belo Horizonte: UFMG/ FaE/CEALE, 2009.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

MINHAS APRENDIZAGENS


Esta semana decidi escrever um pouco a respeito de minhas aprendizagens, mas me direcionando ao papel da família. Quando falo de família refiro-me a minha própria família e a dos meus alunos.
Assim quero hoje destacar que a aprendizagem se dá por todo tempo em diferentes momentos, mas não cessa. Aprendemos o tempo todo. Segundo Lindgren (1977, p.86) “...pais e professores estão sempre ensinando simultaneamente...”
Na família assim como na escola, a criança vai retendo o que vivencia, especialmente em termos de sentimentos, o que seus pais e professores sentem e expressam com relação à vida que vivem, que gostariam de ter, como percebem a aprendizagem, e a importância que dão ao conhecimento, assim como demais valores arraigados, que trazem conscientemente ou inconscientemente para sua vida diária.
Nós conseguimos ao longo de nossa vida esquecer muitas noções, conceitos e regras que alguns professores tentaram nos ensinar, mas jamais esquecemos o jeito das pessoas, a forma como nos tratavam: dóceis, amargos, rudes ou amáveis, etc.
As atitudes da nossa família e da nossa escola deixam em nós marcas para o reto de nossas vidas. Dessa forma no meu papel de educadora tenho tentando a cada momento fazer o trabalho com meus alunos engajando a família, trazendo-os para dentro da escola para compartilhar vivências, conquista e desafios.
A aprendizagem passa necessariamente pela família.
No lugar que ocupo enquanto aluna da pedagogia, tenho buscado também na família o respaldo, a compreensão e a força para enfrentar meus anseios, minhas dificuldades e dividir minhas vitórias. Neles tenho encontrado o apoio necessário, o encorajamento e as palavras “certas” que me impulsionam a ir além e não desistir. Penso, e não consigo imaginar “se fosse o contrário?” Será que meu desejo de aprender seria o mesmo? Acredito que não!
Já no lugar de professora coloco-me no papel de facilitadora, priorizando o respeito, a confiança e o afeto, estabelecendo com os alunos e seus familiares uma relação sincera e interessada, pois não há aprendizagem com família e escola dissociadas.


REFERÊNCIA


LINDGREN, Henry Clay. Psicologia na sala de aula; o aluno e o processo de aprendizagem. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos. 1977, 2 vols.V.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

REFLEXÃO SOBRE MINHAS APRENDIZAGENS

Nesta postagem gostaria de compartilhar com os professores, colegas e tutoras, minhas certezas, mas também um pouco da minha necessidade de continuar minha caminhada na busca pelo conhecimento que respalde a cada dia mais a minha práxis pedagógica.
Têm sido infinitas as leituras realizadas por mim ao longo desta caminhada como acadêmica de pedagogia da UFRGS, pois cada disciplina vem agregando novos conhecimentos os quais tenho procurado pôr em prática quando de minha atuação com meus alunos. Entretanto, o que gostaria de destacar aqui é a sede que tenho sentido no sentido de me aprofundar, pois cada novo texto trabalhado e sugeridos nas disciplinas me tem feito buscar em outros materiais, em outras leituras complementares, mais dados para tornar meu conhecimento acadêmico cada vez mais consistente, podendo assim aliar minha prática e meu discurso ao que tenho lido e estudado, tornando-me uma profissional, mais consciente e cada vez mais coerente com aquilo que pratico, que faço, e com o que falo.
Confesso que refletir sobre minha prática profissional e pessoal não foi inicialmente uma tarefa muito fácil, espero que ao longo de minhas postagens esse exercício se torne mais ameno e menos angustiante. Pensar sobre a Valéria que eu era ao iniciar o curso e a Valéria na qual me transformai me deixa feliz, mas ao mesmo tempo também me angustia, pois percebo algumas falhas cometidas no passado, que com a fundamentação obtida com as aulas, as contribuições dos professores, colegas e tutoras, com a interação, com a troca de experiências e com a construção de minha aprendizagem jamais me permitiria que ocorressem hoje.
Uma situação prática com a qual me surpreendi bastante ocorreu na semana passada, quando fui questionada sobre o excesso de brincadeiras que estaria tendo na escola, pois segundo a pessoa: “a escola é lugar para aprender, e não ficar solto brincando.” Inicialmente me choquei com estas falas, depois procurei me centrar e argumentar, fundamentando o trabalho que venho desenvolvendo com as crianças. Lembrando de algumas leituras, consegui expor meus objetivos, e mostrar o quanto estou segura e buscando nos materiais estudados desenvolver uma prática consciente e consistente. Deixei claro o quanto é importante brincar e que muito embora a pessoa desacredite, eu acredito que teremos sucesso. Nesta ocasião pude notar o quanto evoluí, pois há algum tempo atrás jamais teria conseguido argumentar com tamanha segurança, e devo isso ao meu empenho e meus estudos na PEAD.
Após este incidente passei a observar ainda mais os alunos durante a realização das atividades propostas e percebi como as crianças de seis anos gostam realmente de brincar, inventar e recriar o mundo adulto através das brincadeiras informais. Elas mesmas criam regras para as brincadeiras. Notei, na prática, o quanto é importante o professor participar e interagir em alguns momentos lúdicos que proporcionam prazer e diversão, além de deixar brincar pelo simples fato de brincar, o que contribui para aprendizagens significativas.
Senti necessidade de buscar embasamentos teóricos nas leituras realizadas nas interdisciplinas ao longo do curso de pedagogia, para a construção do projeto pedagógico. Na interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, realizei novamente as leituras pertinentes a aula 5 - Estagio do Desenvolvimento, no texto sobre Epistemologia Genética e construção do conhecimento, entendi um pouco mais a perspectiva piagetiana, na tentativa de compreender como se dá a aprendizagem e como o meio influência, contribui ou interferem na aprendizagem do sujeito. Aprendi através do estudo que ambos têm a mesma importância, não podendo apenas nos apegar a um ou ao outro para definir o desenvolvimento da aprendizagem.

Segundo Cunha (1999, p.27), o sujeito será sempre o resultado da “interação da informação hereditária com seu meio, de maneira que, como salienta Piaget, ao analisar o resultado da interação, não se pode atribuir importância menor nem ao sujeito nem ao meio, na sua constituição”, o que significa que a causalidade não pode ser atribuída a um deles apenas. CUNHA, 1999, P. 27 apud de MARQUES, 2005, p. 02.

Dentro dessa perspectiva percebo a importância de proporcionar a criança condições de interagir com os demais em um ambiente propício para aprendizagem, não subestimando a capacidade do sujeito de aprender, principalmente do sujeito enquanto criança.
“[...] assim como o trabalho manual e o domínio do desenho são para Montessori, exercícios preparatórios para o desenvolvimento da habilidade da escrita, também o jogo e o desenho deveriam ser estágios preparatórios para o desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores deveriam organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Deveriam seguir todo o processo através de seus momentos mais críticos até a descoberta de que não somente se podem desenhar objetos, mas que também se pode representar a linguagem. Se quiséssemos resumir todas essas exigências práticas e expressá-las em uma só, poderíamos dizer simplesmente que às crianças dever-se-ia ensinar-lhes a linguagem, não a escrita das letras”. (VYGOSTSKY, 2000, p. 178) Apud de MACIEL. 2009. P. 20.

Pensando nos alunos de seis anos, estou construindo o projeto brincar, a partir das observações e das escutas dos mesmos, aprendi que durante as situações de brincadeiras as crianças descobrem as habilidades de ler e escrever, quando surge a necessidade de se utilizar dessas habilidades para jogar e brincar.

REFERÊNCIAS



MACIEL, F. I. P., BAPTISTA, M. C., MONTEIRO, S. M. ( orgs. ) - A criança de seis anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9 anos, orientações para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças de seis anos de idade - Belo Horizonte: UFMG/ FaE/CEALE, 2009.

MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. - EPISTEMOLOGIA GENÉTICA E
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Texto extraído de: Do Egocentrismo à Descentração: a docência no ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

INÍCIO DE UMA TRAJETÓRIA

A minha turma pintando o coelhinho de garrafa PET e num outro momento brincando, jogando e lendo (atividade livre no cantinho diversificado)
Estou iniciando uma trajetória de descobertas que envolvem inclusão na turma em que vou estagiar. Observando e analisando o ambiente da sala de aula e o comportamento dos alunos, sinto a necessidade de retomar as leituras e atividades realizadas na Interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, referente à unidade 5 – Autismo, do Curso de Pedagogia a Distância da UFGRS. Considerando o perfil da turma e a presença de uma criança com necessidades educacionais especiais, percebo que terei grandes desafios especialmente quanto às práticas pedagógicas que terei de adotar para que realmente aconteça a inclusão desta criança para que possa interagir em todos os momentos com os demais colegas, buscando uma educação de qualidade para todos. O que mais chamou minha atenção na leitura realizada foi a afirmação da autora sobre a importância das crianças com autismo terem oportunidade de interagir com outras crianças numa sala de aula regular.
"Muitas vezes a ausência de respostas das crianças deve-se à falta de compreensão do que está sendo exigido e não de uma atitude de isolamento e recusa proposital. A contínua falta de compreensão do que se passa ao redor, aliada à escassa oportunidade de interagir com crianças “normais” é que conduziria ao isolamento, criando dessa forma, um círculo vicioso." (BOSA, p. 09)
A adaptação está sendo complicada e desafiadora para nós: professores e alunos, equipe diretiva e funcionários. Temos buscado entender e compreender o que se passa com esta criança, pois ela não se expressa verbalmente, demonstrando sentimentos de alegria, tristeza, descontentamento ou agressividade através de suas atitudes. Pouquíssimas vezes ela interagiu com os demais colegas. Estamos vivenciando neste 1º momento um processo de construção e reestruturação dos planos pedagógicos para melhor qualificar nossa prática, visando, sobretudo realizar um bom trabalho que consiga inserir esta criança à escola fazendo com que a inclusão se dê, de fato.


REFERÊNCIA

BOSA, Cleonice - Autismo: Atuais interpretações para antigas observações - Curso de extensão promovido pela SEC/RS em convênio com a faculdade de Educação, Medicina e Psicologia da UFRGS. IN http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo6/necessidades_especiais/palestracleonice.pdf