segunda-feira, 15 de junho de 2009

REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A PRÁTICA NA SALA DE AULA DO PLANEJAMENTO

Ao planejar e elaborar a atividade didática pedagógica contemplando a diversidade étnica e racial, foi interessante, instigante e envolvente. O planejamento que seria para duas aulas de quatro horas cada, necessitou-se ampliar para mais duas aulas, assim mesmo é pouco tempo para desenvolver um assunto tão amplo, de acordo com Luciano, p.01(2006). “Falar hoje de índios no Brasil significa falar de uma diversidade de povos, habitantes originários das terras conhecidas na atualidade como continente americano. São povos que já habitavam há milhares de anos essas terras, muito antes da invasão européia”.

Ao propor uma das atividades sobre as etnias, a confecção de bonecos, com massinha de modelar, numa das turmas apareceu claramente o racismo não sobre o índio, mas sim sobre afro-descendente, a maioria dos alunos demonstrou interesse em confeccionar bonecos, cada um escolheu uma etnia, uns escolheram o índio, outros o alemão, e o só um aluno quis fazer o afro-descendente, este menino era negro, os outros começaram com risos zombeteiros, por que o menino escolheu fazer o boneco afro-descendente, segundo PARÉ, p. 02. Aqui está claramente um “Preconceito Racial, nos risos zombeteiros ofensivos ao “SER NEGRO” a 1º Grande Essência das Dimensões. A Discriminação na escola, reflexo dos preconceitos na sociedade brasileira”. Neste momento me senti despreparada e insegura no modo de como intervir adequadamente nesta questão de racismo oculto. Então decidi que todos iriam fazer um boneco de cada etnia, assim todos fariam um boneco índio, um boneco alemão e um boneco negro.


Esta atividade fez com que revisse minha prática pedagógica em sala de aula, como eu trabalhava sobre o índio e quando, só no dia 19 de abril, e muito superficialmente, cometia o erro de sempre, pintava os alunos de índios, colocava penas nas cabeças e cantava um, dois, três indiozinhos num pequeno barco. Isto eu não faço mais desde a interdisciplina de Estudos Sócias com a Professora Simone Valdete dos Santos que ampliou um pouco mais meus conhecimentos sobre o assunto e que pediu “que pelo amor de Deus não fizéssemos mais isto”. Ela também nos proporcionou uma palestra com um índio Kaingang, estudante de pedagogia na UFRGS.


Este planejamento significou muito, contribuindo para ampliar o que já sabia sobre os povos indígenas, sempre tive uma visão ampla sobre os indígenas, sempre valorizei esta cultura diferente da minha, me questionava sobre o massacre e extermínio dos índios, ainda me angustia saber que eles são os verdadeiros donos das terras, e ficaram sem seu território, ficando muitas vezes com terras desprovidas de natureza, muitas vezes reduzidas a alguns pedaços, sem ter como sobreviver com suas culturas e tradições, pois os recursos naturais estão cada vez mais escassos e poluídos, de acordo com as autoras:

Desde os primeiros encontros de indígenas e europeus, muitas admirações, incompreensões e estranhamentos foram gerados, de ambos os lados. Evidentemente, o maior prejuízo ficou com os povos indígenas, destruídos no direito de existir na sua multiplicidade étnico-cultural e destituídos da terra, o mais precioso bem. Porém, incansáveis nas formas de se organizar, não só no Brasil, mas em consonância com os povos indígenas da América e do mundo, observamos na atualidade um forte movimento de afirmação étnica e luta pelos direitos. PETERSEN, BERGAMASCHI, SANTOS. P.02.


Ao planejar a atividade sobre as questões étnicas raciais, descobri que posso formar opiniões corretas sobre o assunto, e não mais equívocos com se cometiam até pouco tempo atrás. Nós educadores precisamos aprender cada vez mais como trabalhar as diferenças, o racismo, o preconceito de um modo adequado, com mais segurança nas intervenções em sala de aula. Conseguiremos isto se formos em busca de conhecimentos para que possamos contribuir para a formação de opiniões e conceitos corretos em nossos alunos, para que através deles transformemos a sociedade numa sociedade mais fraterna e justa com princípios e valores morais corretos livres de pré-conceitos e racismos, seja ele qual for.


FOTOS DE ALGUMAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO.






REFERÊNCIAS


LUCIANO, Gersen dos Santos – Baniwa – Texto extraído do Livro “O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje” – Brasília, 2006. Site: http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br/

PARÉ, Marilene Leal - Auto-Imagem e Auto-estima na Criança Negra: Um Olhar sobre o seu - Desempenho Escolar - Síntese de Dissertação de Mestrado em Educação apresentada para a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Orientadora Educacional do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

PETERSEN, Ana Maria, BERGAMASCHI, Maria Aparecida, SANTOS, Simone Valdete – Semana Indígena: Ações e Reflexões Interculturais na Formação de Professores.