sexta-feira, 29 de maio de 2009

APRENDIZAGEM

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA ESCOLA E A APRENDIZAGEM


Hoje dia 28 de maio de 2009, recebi uma enquête sobre a importância da participação na vida escolar dos alunos. Isto me fez refletir sobre as aulas da interdisciplina de Psicologia II, do curso de Pedagogia a distância da UFRGS, sobre aprendizagem, uma atividade realizada neste primeiro semestre de 2009.
Esta atividade traz exatamente esse assunto, da importância da participação dos responsáveis no cotidiano escolar, não só para receber os conceitos e reclamações, mas para estarem a par e participar dos eventos que a escola proporciona para a comunidade escolar.
Esta atividade de psicologia veio mostrar que eu estava certa na minha prática pedagógica em buscar a participação dos pais e responsáveis dos alunos, com os quais desenvolvia minha atuação como educadora. Sempre acolhi os pais, contando com a sua participação e mostrando a importância da mesma. Esta experiência que vou relatar foi significativa à participação dos responsáveis. Neste caso foi a participação da vovó de um aluno, que sempre se fazia presente na vida escolar do neto. Sem qualquer formação acadêmica, mas com muita prática na sua caminhada de vida a vovó do Lucas, nos deixou uma lição. Ao nos ajudar com sua sabedoria e vivência, na experiência para a Feira de idéias e ciências da escola. A transmissão da sabedoria e da experiência dos mais velhos se faz necessária para os mais jovens. Neste sentido concordo com o autor quando afirma:

“É preciso fazer com que nossas crianças possam buscar a riqueza dos ancestrais, dos avós, bisavós. É preciso abrir espaço na escola para que o velho avô venha contar histórias que ele ouvia na sua época de criança e ensine e cante as cantigas de rodas. Tudo isso não como saudade de um tempo que já se foi, mas para dar sentido ao presente; para trazer a emoção de terem vivido um tempo que muito pode ensinar aos jovens modernos”. Mundurucu, Daniel, 2002, p. 40-42.


Fizemos exatamente como a avó do Lucas tinha sugerido. Então deu resultado a nossa experiência, sendo um sucesso.
Esta aprendizagem se deu no contexto escolar, e considero-a muito positiva, uma vez que aprendemos com nossos “erros”, através de uma experiência que não estava dando certo. Baseada no texto de Becker (1992) eu posso afirmar que só existe aprendizagem quando advinda da soma de experiências, pois segundo ele: “aprendizagem é por excelência, construção; ação e tomada de consciência da coordenação das ações”.
Refletir sobre esta aprendizagem, fez-me descobrir que ainda tenho muito que aprender, que a partir de uma experiência simples, a meu ver, que se tornou mais complexa.
Esta experiência também fez com que voltássemos para a pesquisa, pois sentimos a importância de buscar conhecimentos prévios, isto comprova que ninguém é detentor do saber e que o conhecimento não é algo estanque. Eu e os alunos aprendemos que para realizar e propor determinadas aprendizagens se faz necessários conhecimentos prévios, com ações de pesquisa na busca de informações sobre o assunto.
Ao recomeçar o trabalho, recorremos a diversos meios de comunicação recentes, não esquecendo os meios mais antigos que têm seu papel e as suas vantagens, e também de contar com a experiência das pessoas mais velhas. Hoje em dia não se dá o devido valor e respeito ao conhecimento e vivência dos mais velhos. Na cultura indígena ainda, o conhecimento é passado de geração em geração pelos mais velhos. É compreendendo o valor dos ensinamentos dos mais velhos, da família, que avançamos no nosso conhecimento, inclusive percebendo e valorizando a diferença de papéis e das coisas para nós próprios e para o mundo. Segundo o autor.

“Tenho certeza que isso dará um ânimo novo nos educandos e renovará o sentido de família, de pertencimento a um grupo, a um povo, a uma nação. É isso que eu sentia quando ouvia as histórias de meu avô e me fez superar minhas crises de identidade e compreender as coisas que são importantes para o meu povo. Talvez isso crie uma nova identidade para o povo brasileiro.” Mundurucu, Daniel, 2002, p. 40-42.

Esta cultura de se ouvir os mais velhos se perdeu na atualidade, as pessoas idosas na maioria das vezes são abandonadas nos asilos, não sendo respeitadas e valorizados os seus conhecimentos e experiência de vida. O velho é considerado um peso morto para a família. Esquecendo-se que este idoso é a ligação com seus ancestrais, com sua cultura. Por isso a participação e envolvimento dos pais na vida cotidiana escolar dos filhos se fazem necessária e importante para o sucesso da aprendizagem.
A ruptura desse elo hoje, são as crises familiares, as crises de identidade. Isso acarreta em falta de transmissão de valores, conhecimentos e experiências de vida dos mais velhos para os mais jovens. Muitos jovens se negam o fato de que um dia também irão envelhecer. De acordo com a reflexão do psicólogo.

O envelhecer significa a aproximação da morte, do fim da existência, aonde tudo termina e não tem mais volta... por isso o velho sempre é o outro. O horror que sentimos pelo envelhecimento é o medo de morrer, de se tornar tão repugnante quanto o outro que fica cego, surdo, 'gagá', etc... 'Que horror se isso acontecer!' Mas todos envelhecem, é inevitável (a não ser quem morre cedo demais... por motivos diversos), então o que fazer? Deixar o tempo passar ficar velho e receber o preconceito dos mais jovens? Não!!! Braga, Marcos Augusto da Silva


Precisamos aprender com a cultura indígena, a resgatar a sabedoria e valorização do idoso, trazendo-o para o convívio familiar e ressaltando a importância de conviver com eles, e não isola-los como muitos fazem. Devemos perceber que somos um fiozinho que nos liga a continuação de nossos antepassados, com uma história e tradição que precisa continuar. São valores que precisamos passar para nossos filhos, isto só acontecerá com o convívio, à vivência e o exemplo. A escola embora possa mencionar, não tem como assumir a passagem destes valores, sendo isto incumbência da própria família. O que demonstra a importância da participação dos pais na escola.

REFERÊNCIAS


BECKER, Fernando. Epistemologia subjacente ao trabalho docente. Porto Alegre:
FACED/UFRGS, 1992. 387p. (Apoio INEP/CNPQ). (No prelo: VOZES). (Relatório de
pesquisa).
_______. Da ação à operação: o caminho da aprendizagem: J. Piaget e Paulo Freire. Porto
Alegre: Palmarinca, 1993.
_______. Ensino e construção do conhecimento; o processo de abstração reflexionante.
Educação e Realidade, Porto Alegre, 18(1):43-52, jan./jun. 1993.
_______. Saber ou ignorância: Piaget e a questão do conhecimento na escola pública.
Psicologia-USP, 1(1):77-87, jan./jun. 1990.

BRAGA, Marcos Augusto da Silva – Psicólogo – artigo p\seção: saúde.
Mariana.kalil@zerohora.com.br.
http://www.sermelhor.com/artigo.php?artigo=26&secao=saude

MUNDURUCU, Daniel Em busca de uma ancestralidade brasileira - Formado em Filosofia, com licenciatura em história e psicologia. Mestre em Antropologia social da Universidade de São Paulo (USP). Índio da nação Mundurucu - Pará. Esse texto faz parte da seguinte publicação:
PREFEITURA DE ALVORADA. Secretaria Municipal de Educação. FAZENDO ESCOLA, vol 02, ano 2002, p. 40-42.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

SOMOS TODOS BRASILEIROS CADA UM DO SEU JEITO












TRABALHANDO SOBRE ETNIAS COM ALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS.

Planejei esta aula a partir das leituras propostas pela interdisciplina de Questões Étnico-Raciais na Educação Sociologia e História do Curso de Pedagogia da UFRGS à distância.

Iniciei a aula com os alunos ouvindo a música “Aquarela” de Toquinho. Após dialogamos sobre a mensagem que ela transmitia sobre as cores.
Distribui uma folha e pedi que fizessem o seu auto-retrato. Após dialogamos sobre nossas aparências. Pedi que fossem dizendo a cor dos cabelos, dos olhos, da pele, com quem eles se pareciam. Explorei com eles o texto “Quem somos afinal?”.

“Uma fusão de raças e culturas que já dura meio milênio deu aos brasileiros traços e personalidade próprias. Mas basta olhar mais de perto para perceber que, apesar de tudo, não perdemos contato com as raízes de nossa formação”. Romanini, (1998) p. 62

Este texto traz uma abordagem sobre a contribuição de todos os povos que aqui chegaram para a formação do povo brasileiro, cada um do seu jeito.

Distribui revistas aos alunos, também dei um quadrado de papel pardo, pedi que recortassem pessoas de todas as etnias desde índios, negros, japoneses, alemães etc. O que eles encentrassem na revista e montassem um mosaico. Inspirei-me na atividade proposta pela interdisciplina citada anteriormente.

Colocamos os trabalhos no mural. Fiz questionamentos sobre as pessoas que compõem o mosaico que eles montaram? Se todos eram brasileiros? Uns responderam que sim outros ficaram na dúvida, justificando sua resposta ao dizer que uma ou outra era japonês ou alemão, mas usei contra-argumentos, para desequilibrar suas dúvidas e certezas.

Retornei com a leitura do texto “Quem somos afinal?

“Apesar dos contrastes de paisagens, das raças diferentes e até dos abismos sociais, conseguimos formar um só povo” Romanini, (1998) p. 64

“A cultura indígena foi a base para o surgimento dos tipos regionais. Essa dívida, porém, ainda não foi reconhecida.” Romanini, (1998) p. 66

“A chegada dos portugueses deu início à mesclagem das raças no Brasil. Que nunca mais parou.” Romanini, (1998) p. 68

“A vida na cidade não destruiu as nossas raízes culturais. Elas continuam a existir, ainda que um pouco camufladas.” Romanini, (1998) p. 70


Pedi aos alunos que comparasse a cor da sua pele com a de seus colegas, perguntei se todas eram iguais? Eles responderam que não.
Coloquei para eles que cada um tem a pele de uma cor e cada um com a sua beleza única.

Retornei a música “Aquarela” e conversamos sobre a beleza das cores, e das cores que podemos criar ao misturar uma ou mais cores.

Todas as atividades desenvolvidas na escola, nós procuramos envolver toda a turma inclusive o aluno portador de Necessidades Educaionais Especiais. Nesta atividade não foi diferente, ele participou do seu jeito dentro do seu ritmo de aprendizagem, contribuindo com sua participação e envolvimento.













REFERÊNCIAS

Revista Terra – junho 1998 – Retratos do Brasil – Texto de ROMANINI, Vinícius p. 62