segunda-feira, 12 de abril de 2010

REFLEXÃO SOBRE MINHAS APRENDIZAGENS

Nesta postagem gostaria de compartilhar com os professores, colegas e tutoras, minhas certezas, mas também um pouco da minha necessidade de continuar minha caminhada na busca pelo conhecimento que respalde a cada dia mais a minha práxis pedagógica.
Têm sido infinitas as leituras realizadas por mim ao longo desta caminhada como acadêmica de pedagogia da UFRGS, pois cada disciplina vem agregando novos conhecimentos os quais tenho procurado pôr em prática quando de minha atuação com meus alunos. Entretanto, o que gostaria de destacar aqui é a sede que tenho sentido no sentido de me aprofundar, pois cada novo texto trabalhado e sugeridos nas disciplinas me tem feito buscar em outros materiais, em outras leituras complementares, mais dados para tornar meu conhecimento acadêmico cada vez mais consistente, podendo assim aliar minha prática e meu discurso ao que tenho lido e estudado, tornando-me uma profissional, mais consciente e cada vez mais coerente com aquilo que pratico, que faço, e com o que falo.
Confesso que refletir sobre minha prática profissional e pessoal não foi inicialmente uma tarefa muito fácil, espero que ao longo de minhas postagens esse exercício se torne mais ameno e menos angustiante. Pensar sobre a Valéria que eu era ao iniciar o curso e a Valéria na qual me transformai me deixa feliz, mas ao mesmo tempo também me angustia, pois percebo algumas falhas cometidas no passado, que com a fundamentação obtida com as aulas, as contribuições dos professores, colegas e tutoras, com a interação, com a troca de experiências e com a construção de minha aprendizagem jamais me permitiria que ocorressem hoje.
Uma situação prática com a qual me surpreendi bastante ocorreu na semana passada, quando fui questionada sobre o excesso de brincadeiras que estaria tendo na escola, pois segundo a pessoa: “a escola é lugar para aprender, e não ficar solto brincando.” Inicialmente me choquei com estas falas, depois procurei me centrar e argumentar, fundamentando o trabalho que venho desenvolvendo com as crianças. Lembrando de algumas leituras, consegui expor meus objetivos, e mostrar o quanto estou segura e buscando nos materiais estudados desenvolver uma prática consciente e consistente. Deixei claro o quanto é importante brincar e que muito embora a pessoa desacredite, eu acredito que teremos sucesso. Nesta ocasião pude notar o quanto evoluí, pois há algum tempo atrás jamais teria conseguido argumentar com tamanha segurança, e devo isso ao meu empenho e meus estudos na PEAD.
Após este incidente passei a observar ainda mais os alunos durante a realização das atividades propostas e percebi como as crianças de seis anos gostam realmente de brincar, inventar e recriar o mundo adulto através das brincadeiras informais. Elas mesmas criam regras para as brincadeiras. Notei, na prática, o quanto é importante o professor participar e interagir em alguns momentos lúdicos que proporcionam prazer e diversão, além de deixar brincar pelo simples fato de brincar, o que contribui para aprendizagens significativas.
Senti necessidade de buscar embasamentos teóricos nas leituras realizadas nas interdisciplinas ao longo do curso de pedagogia, para a construção do projeto pedagógico. Na interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, realizei novamente as leituras pertinentes a aula 5 - Estagio do Desenvolvimento, no texto sobre Epistemologia Genética e construção do conhecimento, entendi um pouco mais a perspectiva piagetiana, na tentativa de compreender como se dá a aprendizagem e como o meio influência, contribui ou interferem na aprendizagem do sujeito. Aprendi através do estudo que ambos têm a mesma importância, não podendo apenas nos apegar a um ou ao outro para definir o desenvolvimento da aprendizagem.

Segundo Cunha (1999, p.27), o sujeito será sempre o resultado da “interação da informação hereditária com seu meio, de maneira que, como salienta Piaget, ao analisar o resultado da interação, não se pode atribuir importância menor nem ao sujeito nem ao meio, na sua constituição”, o que significa que a causalidade não pode ser atribuída a um deles apenas. CUNHA, 1999, P. 27 apud de MARQUES, 2005, p. 02.

Dentro dessa perspectiva percebo a importância de proporcionar a criança condições de interagir com os demais em um ambiente propício para aprendizagem, não subestimando a capacidade do sujeito de aprender, principalmente do sujeito enquanto criança.
“[...] assim como o trabalho manual e o domínio do desenho são para Montessori, exercícios preparatórios para o desenvolvimento da habilidade da escrita, também o jogo e o desenho deveriam ser estágios preparatórios para o desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores deveriam organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Deveriam seguir todo o processo através de seus momentos mais críticos até a descoberta de que não somente se podem desenhar objetos, mas que também se pode representar a linguagem. Se quiséssemos resumir todas essas exigências práticas e expressá-las em uma só, poderíamos dizer simplesmente que às crianças dever-se-ia ensinar-lhes a linguagem, não a escrita das letras”. (VYGOSTSKY, 2000, p. 178) Apud de MACIEL. 2009. P. 20.

Pensando nos alunos de seis anos, estou construindo o projeto brincar, a partir das observações e das escutas dos mesmos, aprendi que durante as situações de brincadeiras as crianças descobrem as habilidades de ler e escrever, quando surge a necessidade de se utilizar dessas habilidades para jogar e brincar.

REFERÊNCIAS



MACIEL, F. I. P., BAPTISTA, M. C., MONTEIRO, S. M. ( orgs. ) - A criança de seis anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9 anos, orientações para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças de seis anos de idade - Belo Horizonte: UFMG/ FaE/CEALE, 2009.

MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. - EPISTEMOLOGIA GENÉTICA E
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Texto extraído de: Do Egocentrismo à Descentração: a docência no ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.

Um comentário:

Catia Zílio disse...

Olá Valéria!
Para mim, na maioria das vezes, escrever não é uma tarefa fácil. Considero uma atividade muito complexa, pois ao mesmo tempo que sintetizamos e materializamos nosso pensamento em palavras precisamos "criar" mentalmente um leitor para o nosso texto. Assim,
Para quem eu escrevo?
Estou conseguindo ser clara em minhas colocações?
Vou ser compreendida?
são questões que ocuparão meu pensamento enquanto escrevo e apesar de parecem simples, muitas vezes são bem difíceis de responder...
Bela reflexão! Continue investindo em tuas aprendizagens.
Abraços, Cátia